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‘Relação com Rogério Cruz será de respeito, mas vou cobrar as melhorias dos bairros’, destaca Bill Guerra

Recontagem dos votos que deve confirmar repórter cinematográfico na Câmara ocorrerá na próxima quinta-feira.

Com a iminente queda do vereador Leo José (Agir), eleito pelo PTB, legenda cassada por conta de fraude na cota de gênero, Bill Guerra (Solidariedade) está perto de assumir a cadeira na Câmara dos Vereadores, o que deve ocorrer ainda em novembro. Com discurso moderado, o repórter cinematográfico conta ao Mais Goiás que vai buscar uma relação de respeito com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos).

Os mais de dez anos nas ruas de Goiânia renderam ao repórter a condição de espectador privilegiado dos problemas da cidade. Em sua moto, flagrou acidentes de trânsito e inúmeros outros incidentes, muitos deles provocados a partir da precária infraestrutura do município.

Também denunciou precariedades de Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e postos de saúde. Agora, pretende intensificar o trabalho que já faz nas redes sociais – onde tem mais de 430 mil seguidores no Instagram – para a Câmara dos Vereadores. A recontagem dos votos que deverá confirmar sua cadeira no legislativo ocorrerá na próxima quinta-feira (23).

O próprio reforça que sua prioridade será o trabalho na “área da saúde e na qualidade dos serviços prestados a população”. Também deve destinar emendas parlamentares para reformas de Cais e construções de mais Cmeis. Tudo com objetivo de “melhoria da infraestrutura dos bairros mais carentes, fiscalizando o trabalho da prefeitura, apresentando projetos para beneficiar a população”.

População não está satisfeita com brigas políticas, avalia Bill GuerraBill parece não querer tomar partido pelas discussões que marcaram a cobertura do jornalismo político na Câmara dos Vereadores. Diz, inclusive, que a população não se interessa por isso. Desta forma, argumenta que vai focar em trabalho. “Como espectador, vejo que a população não está satisfeita com essas brigas na Câmara Municipal. A população está preocupada em resolver os problemas dos Cais, dos Cmeis, do recolhimento do lixo, dos buracos na ruas, da iluminação nos bairros”, salientou.

Assim, garante querer manter uma relação respeitável com Rogério Cruz, com cobrança quando necessário. “Relação de respeito, ele é o chefe do poder executivo municipal. Continuarei cobrando o prefeito sobre melhorias na saúde, educação, na infraestrutura dos bairros, só que agora com a prerrogativa de vereador”, postula.

Questionado se já conversou com o presidente do legislativo, Romário Policarpo (PRD), Bill destaca que não, mas reconhece e elogia a trajetória do líder da casa. “Ainda não tive a oportunidade de falar pessoalmente com ele, mas tenho respeito e admiração por toda a trajetória que ele construiu. Pretendo construir uma relação de respeito com ele e todos os demais vereadores”, arremata.

Fontes:Mais Goías

Argentinos elegem presidente sem conseguir prever o dia de amanhã

O clima no país vizinho é de profunda incerteza diante de uma eleição que pode mudar drasticamente, ou não, o dia a dia da população.

Os argentinos vão às urnas neste domingo (22) sem conseguir prever o dia de amanhã. "Não tenho ideia do que vai acontecer na segunda [23], mas sei que estaremos piores, e não melhores", diz o comerciante Juan González, 52, enquanto remarca os preços dos alfajores em um dos típicos "kioscos" de Buenos Aires, o clima no país vizinho é de profunda incerteza diante de uma eleição que pode mudar drasticamente, ou não, o dia a dia da população. O pleito ocorre depois de meses de uma aflitiva espera vendo o dólar e os preços subirem, enquanto o governo tenta segurar as pontas até que se defina quem será presidente a partir de 10 de dezembro, no lugar do ausente Alberto Fernández.

São três as principais possibilidades consideradas, prevendo sempre uma vantagem do ultraliberal Javier Milei, que completa 53 anos neste sábado (21). Candidato mais votado nas primárias de agosto, ele tem como promessas centrais trocar os pesos por dólares, acabar com o Banco Central e diminuir drasticamente o Estado num país habituado há 20 anos com subsídios.

Uma das expectativas, pelas pesquisas feitas até a última semana, é que ele vá a um segundo turno em 19 de novembro com o atual ministro da Economia, Sergio Massa, 51. O candidato governista e peronista carrega o feito de ainda estar entre os favoritos mesmo gerindo sucessivas corridas cambiais e uma inflação de 138% ao ano, uma das maiores do mundo considerando, porém, o nível de ineditismo e indefinição dessas eleições no país –que até o surgimento de Milei era marcado pela polarização–, a macrista Patricia Bullrich, 67, ainda tem chances. Se ela conseguir desbancar Massa, será a primeira vez em quatro décadas de democracia que o peronismo não chega a um segundo turno ou ganha no primeiro.

Isso também ocorrerá caso a terceira possibilidade se confirme e Milei vença já no primeiro turno, como seus apoiadores passaram a entoar em atos de campanha nas últimas semanas. Para isso, ele precisa atingir 45% dos votos válidos, ou 40% e 10 pontos percentuais de diferença para o segundo colocado. Nas primárias, ele alcançou 30%.Para o Brasil, que tem a Argentina como terceiro maior parceiro comercial, está em jogo uma relação de proximidade com Lula, embora seja improvável que Milei corte totalmente o vínculo com seu principal importador e exportador. A equipe do ultraliberal defende rever o Mercosul e se opõe à entrada no Brics, mas diz que o setor privado pode "comercializar com quem quiser". Fernando Haddad admitiu que está preocupado.

Para os argentinos, as principais preocupações são a inflação, há um ano e meio em primeiro lugar, e depois a violência. O país atravessa sua terceira grande crise econômica recente, com um déficit fiscal insistente, alta dívida externa, moeda sem credibilidade e falta de dólares nos cofres públicos, o que engrossa as filas da pobreza.

Agora, não se sabe o que vai acontecer com o dólar, e consequentemente com os preços, a partir desta segunda, por isso a vida cotidiana se dividiu em "antes das eleições" e "depois das eleições" nos últimos tempos, quem podia adiantou o pagamento de bens mais caros e correu para adquirir a moeda americana nos bancos, no mercado financeiro ou nas casas de câmbio paralelas –muitas paralisaram a venda nos últimos dias, ameaçadas por controles do governo e guardando suas cédulas para uma eventual explosão da divisa após o pleito.

Quem não podia muitas vezes teve que reduzir o consumo, sufocado pelo aumento dos preços impulsionados pela vitória de Milei e por medidas de Massa desde as primárias. Diante das incertezas, importações estão paradas nos portos, e parte dos vendedores decidiu segurar seus produtos duráveis, empresas também anteciparam salários e 13º, para se livrar dos pesos e permitir que funcionários façam o mesmo. "Meu chefe nos chamou nesta quinta [19] e disse que nos pagaria metade do salário de novembro. Anunciaram como uma medida positiva, mas não é, não é normal", conta a advogada Sofía, 28, que não quis ter o sobrenome divulgado.

A corrida ao dólar é um movimento comum na Argentina antes de eleições, mas dessa vez se acentuou diante de um candidato com propostas cujos efeitos são imprevisíveis, até agora, avaliam analistas, um eventual caos social tem sido contido por uma taxa de desemprego baixa, por um consumo e atividade econômica que não vão mal –apesar de começarem a dar sinais de esgotamento– e pela ligação histórica do governo atual com a maioria dos sindicatos e movimentos sociais.

Há temor, porém, de que a situação saia do controle de alguma forma a depender do que ocorra nas urnas e depois que um novo governo assumir, como se ensaiou depois das primárias. Naquela semana, o dólar explodiu, muitas vendas se paralisaram e uma onda de saques atingiu supermercados e pequenos comércios, sendo contida em poucos dias.

Na reta final, Massa lançou mão de fortes restrições para tentar conter o dólar e não prejudicar sua candidatura. Apesar de ser o rosto de uma economia em crise e parte de um governo reprovado por oito em cada dez argentinos, o economista e ex-deputado é visto como viável por não ser um peronista tradicional e estar mais ao centro.

Já Milei tentou reforçar seu discurso "anticasta" e anticorrupção, seu "plano motosserra" contra os gastos públicos e sua dolarização, o que desperta tanto o voto de protesto quanto de esperança no eleitor. Com uma carreira construída no mundo acadêmico, o também economista ganhou fama bradando suas opiniões radicais em programas de TV, que o catapultaram a deputado e depois a presidenciável em 2021.

Bullrich, por sua vez, deu uma guinada ao centro depois do susto das primárias, chamando seu rival interno Horacio Larreta para fazer parte da equipe. Deixou de dar tanta ênfase ao seu lado linha-dura na segurança, ministério que comandou sob Mauricio Macri (2015-2019), inverteu os papéis e passou a se apresentar como terceira via ao peronismo e o "louco" Milei.Ela tem nas mãos o futuro da até então principal força opositora da Argentina, que a depender dos resultados deste domingo pode mostrar sobrevida ou afundar-se na irrelevância. Nenhuma hipótese está descartada.

Fontes:Folhapress

PopCash.net

EUA é criticado por rejeitar proposta de resolução da ONU

A proposta de resolução brasileira foi rejeitada mesmo com todos os países favoráveis, menos os EUA.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou nesta quarta (18) uma resolução proposta pelo Brasil, na qualidade de presidente do órgão, sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Houve 12 votos favoráveis, mas os EUA, que historicamente blindam Israel no conselho, vetaram a resolução. A Rússia, que havia apresentado sua própria resolução e tentado fazer duas emendas ao texto brasileiro, se absteve. Após a decisão, o governo Biden passou a ser duramente criticado, Desde 2016 o conselho não emite uma resolução sobre o Oriente Médio. O fracasso coloca mais pressão ainda sobre o órgão, já criticado pela inércia em relação à Guerra da Ucrânia. 

Criado para ser uma espécie de guardião da segurança da comunidade internacional, a divergência entre os membros permanentes, com poder de veto -sobretudo entre EUA, China e Rússia- vem provocando uma imobilização do conselho, A análise do texto estava prevista inicialmente para segunda (16), mas foi adiada a pedido dos demais membros do conselho para permitir mais negociações. Um ataque a um hospital na Cidade de Gaza, que deixou centenas de mortos, colocou mais pressão sobre o órgão para agir.

A dificuldade se explica pela divergência entre os membros em relação ao tema. Americanos e russos, especialmente, têm posições conflitantes, dados seus interesses e aliados díspares na região,para ser aprovada, uma resolução exige a aprovação de 9 dos 15 membros do órgão, e nenhum veto dos cinco com assento permanente -EUA, China, Rússia, França e Reino Unido,o Brasil foi incumbido dessa missão pelo conselho, por ocupar a presidência rotativa do órgão no mês de outubro. Assim, o documento brasileiro é uma construção feita a partir de consultas com os demais membros -diferentemente do texto da Rússia, rejeitado na segunda, que foi produzido unilateralmente pela diplomacia do país.

Depois da rejeição de seu texto, os russos se engajaram mais nas consultas do texto brasileiro. A China, que votou favoravelmente à proposta de Moscou, também se envolveu mais,a Rússia criticou a proposta brasileira, e propôs duas emendas. Uma para incluir uma condenação a ataques a civis na Faixa de Gaza, citando o ataque ao hospital, e a segunda, para falar em cessar-fogo humanitário, em vez de uma pausa humanitária. A primeira parte teve 6 votos a favor, 1 contra e 8 abstenções, sendo derrotada. A segunda parte também fracassou, após novo veto dos EUA -o placar total foi de 7 a favor, 1 contra e 7 abstenções.

A escalada de violência, que chegou ao 12º dia, já soma mais de 4.000 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses. A maioria é civil,o texto brasileiro, organizado em 11 pontos, rejeita os ataques promovidos pelo Hamas desde 7 de outubro, classificados como terroristas, exige a imediata soltura dos reféns civis, e condena "toda violência e hostilidades contra civis e todos os atos de terrorismo".No preâmbulo, o texto expressa "profunda preocupação com a situação humanitária em Gaza e seus graves efeitos sobre a população civil, em grande parte composta por crianças".

Em referência ao ultimato dado pelo governo de Benjamin Netanyahu no final de semana, o documento "insta à imediata revogação da ordem para que civis e pessoal da ONU evacuem todas as áreas ao norte de Wadi Gaza e se realoquem no sul de Gaza". Não há menção a um direito de defesa de Israel, como pedido por Tel Aviv.A resolução pede ainda que todas as partes cumpram o direito internacional, destacando as obrigações de respeito e proteção a civis e de trabalhadores humanitários, como funcionários da ONU e da Cruz Vermelha, no contexto de conflitos armados.

Nessa linha, o documento pede o estabelecimento de pausas humanitárias no conflito, diferente do que defendiam os russos, que pediam um cessar-fogo, para permitir o acesso de agências das Nações Unidas e seus parceiros, e incentiva a criação de corredores humanitários para a entrega de ajuda a civis."A pausa humanitária é aquele tipo de solução engenhosa dos diplomatas para driblar um ponto de divergência. A ideia de cessar-fogo implica que Israel pararia sua ação militar, e não é essa a ideia, é só uma pausa, onde está subsumida a ideia de retomada da operação", afirma Dawisson Belém Lopes, professor de política internacional e comparada da UFMG.O especialista vê o trecho como um reconhecimento implícito do direito que Israel tem se defender -demanda que Tel Aviv vem fazendo ao conselho.

Diante do alerta de uma catástrofe humanitária em Gaza após o cerco imposto por Israel, que impede a entrada de itens de necessidade básica como água, combustível, alimentos e remédios, o texto "insta fortemente a contínua, suficiente e sem impedimentos provisão de bens e serviços essenciais para civis".Há ainda um apelo para que todas as partes "exerçam o máximo de contenção", assim como àqueles com influência sobre elas, para evitar uma escalada do conflito na região. Embora o texto não nomeie, a referência é aos EUA, principal aliado internacional de Israel que já vêm disponibilizando recursos militares a Tel Aviv, e ao Irã, um apoiador histórico do Hamas.

Uma resolução do Conselho de Segurança tem caráter mandatório, ou seja, obriga os países a cumpri-la. Caso contrário, um membro pode sofrer punições por tribunais internacionais. No entanto, levar um descumprimento a essas últimas consequências exige vontade política, destaca Lopes."O caso mais extraordinário nesse sentido é o de Israel, é a grande exceção, por conta dessa aliança especial com os EUA", afirma ele. "Israel consegue sistematicamente, embora tenha despeitado várias resoluções importantes das Nações Unidas, [se proteger], porque os EUA votam invariavelmente para vetar resoluções que ameaçam Israel."

O Brasil, que ocupa a presidência rotativa do Conselho de Segurança neste mês, foi incumbido de apresentar um texto na reunião da última sexta (13), após a Rússia circular uma proposta rechaçada pelos demais membros, na segunda, o país de Vladimir Putin insistiu em apresentar uma resolução, a qual foi rejeitada por um placar de 5 votos a favor, 4 contrários e 6 abstenções.

A resolução russa não condenava explicitamente o Hamas por terrorismo, mas atos terroristas em geral, e pedia um cessar-fogo para proteger a população civil, bem como a abertura de corredores humanitários,a representação palestina nas Nações Unidas apoiava a resolução, assim como diversos países árabes, entre eles Egito e Jordânia, além da Venezuela. Os EUA, a França, o Reino Unido e o Japão votaram contra o texto russo. O Brasil se absteve, assim como Suíça e Malta. A China votou a favor.

ENTENDA O PODER DO CONSELHO DE SEGURANÇA E DAS RESOLUÇÕES

De acordo com Dawisson Belém Lopes, professor de política internacional e comparada da UFMG, os poderes do Conselho de Segurança, em termos técnicos, "são quase infinitos". "O conselho pode determinar qualquer tipo de solução política para situações que inspirem algum tipo de pronta reação da comunidade internacional", diz.Tire suas dúvidas sobre os poderes do conselho e da resolução sobre o Oriente Médio, segundo Lopes.

QUE PODERES TEM O CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU?

Em termos técnicos, os poderes são quase infinitos. Ele tem um mandato que não é limitado tematicamente, ou seja, qualquer tópico pode ser securitizado. Por isso ele tem aumentado ao longo do tempo seu escopo temático. Ele pode dar saídas que envolvam ou não o uso da força. Cotnanto que se sigam certos procedimentos, ele pode atuar em qualquer lugar do planeta, pode ser mobilizado para discussões concernentes a países membros e não membros da ONU. É um órgão político que pode fazer qualquer coisa para cuidar da segurança internacional.

O QUE É UMA RESOLUÇÃO?

Resolução é um documento discutido e votado pelos membros do Conselho, formado por 15 países, dos quais há 5 permanentes e 10 rotativos, com mandatos bienais. Essa normativa é sempre casuística, ou seja, é sempre caso a caso. É diferente da carta da ONU, que é uma espécie de Constituição da ONU, a resolução é um documento que resulta da convergência dos interesses, da posições dos atores, lembrando sempre que para que uma resolução seja aprovada, requer-se que ela atinja 9 votos dos 15 possíveis. Além disso, ele não pode receber votos negativos dos membros permanentes.

A natureza jurídica da resolução é mandatória, diferente do Assembleia-Geral da ONU, que também produz resoluções, mas recomendatórias. O Conselho de Segurança tem natureza obrigatória, o que vem dele tem força de coerção. Vem embutido ali um poder coercitivo do direito internacional. Os atores em tese devem cumprir.

O QUE ACONTECE SE UMA RESOLUÇÃO FOR DESCUMPRIDA?

O estado que descumpre uma resolução comete um ilícito internacional. Todo estado tem direitos e obrigações. Se ele infringe uma lei, ele deve ser punido, existem tribunais internacionais para apenar os Estados. A Corte Internacional de Justiça é, por exemplo, uma espécie de Poder Judiciário do sistema ONU, mas nem sempre há vontade política para implementar essas penas, levar às últimas consequências.

O caso mais extraordinário nesse sentido é o de Israel, é a grande exceção, por conta dessa aliança especial com os EUA. Você pode apontar o dedo para as grandes potências, mas elas se protegem com o instrumento do veto. Cometem ilegalidades, mas se blindam. Israel consegue sistematicamente, embora tenha despeitado várias resoluções importantes das Nações Unidas, porque os EUA votam invariavelmente para vetar resoluções que ameaçam Israel.

CONSIDERANDO QUE O CONFLITO É ENTRE UM ESTADO (ISRAEL) E UM ENTE NÃO-ESTATAL (O HAMAS), ATÉ QUE PONTO ESTE ÚLTIMO É SUJEITO ÀS DECISÕES DO CONSELHO DE SEGURANÇA?

No caso da invasão do Afeganistão pelos EUA, em represália ao 11 de setembro, a operação jurídica consistiu em associar a Al Qaeda, a rede terrorista que reivindicou o ato, ao governo Taliban. Essa foi a costura do argumento jurídico,com o Hamas é mais complicado porque, embora ele até possa ser associado ao governo palestino, a Palestina não tem estatuto de Estado. É mais difícil esse enquadramento. O estado moderno tem povo, tem governo, mas tem que ter território também, e falta à Palestina a territorialidade. Embora haja de fato a ocupação de certos territórios, como a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, a Palestina não é o ente soberano. 

O país palestina tem status de membro observador, não de membro pleno da ONU. Então é mais difícil para o Direito Internacional fazer essa triangulação para imputar as penas. Penalizar o Hamas em si é possível, o direito internacional já avançou hoje na direção de enquadrar os atores transnacionais criminosos como o Hamas, mas daí a tentar estender à palestina, seria um passo que não houve até hoje, seria inédito,a resolução classifica os ataques pelo Hamas como terroristas. Isso vai provocar uma mudança mais ampla no entendimento do Conselho de Segurança sobre o Hamas?

Que consequências isso pode ter, o Hamas passará a ser mais corriqueiramente associado ao terrorismo. Como ele é também um partido político, há uma certa cautela para fazer o enquadramento até o cometimento desses atos flagrantemente terroristas da semana passada. O que eu entendo que vai acontecer é exatamente uma inclusão do Hamas nesse rol de estados terroristas para efeitos práticos, certamente, porque há um consenso internacional amplo a esse respeito, e que ultrapassa as grandes clivagens norte-sul e leste-oeste.

O TEXTO TAMBÉM FALA EM "PAUSAS HUMANITÁRIAS" EM VEZ DE UM CESSAR-HUMANITÁRIO, COMO QUERIA A RÚSSIA. QUAL A DIFERENÇA?

A pausa humanitária é aquele tipo de solução engenhosa dos diplomatas para driblar um ponto de divergência. A ideia de cessar-fogo implica que Israel pararia sua ação militar, e não é essa a ideia, é só uma pausa, onde está subsumida a ideia de retomada da operação. Cessar-fogo é para parar, podendo ser retomado ou não, então essa mudança de fraseado é basicamente um reconhecimento implícito do direito que Israel tem se defender e que, portanto, a campanha militar vai continuar.

A RESOLUÇÃO PODE TER ALGUM EFEITO PRÁTICO PARA EVITAR UMA ESCALADA AINDA MAIOR DO CONFLITO E NA PROTEÇÃO DE CIVIS? A CITAÇÃO AO HAMAS COMO PERPETRADOR DE TERRORISMO É COERENTE COM O POSICIONAMENTO DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA?

O efeito prático é de ordem moral, em primeiro lugar, estabelecendo as balizas do que é certo e o que é errado no entendimento da comunidade internacional. Há também o efeito de botar pressão sobre as partes, Israel especialmente, que é um membro da ONU, enquanto o Hamas não é, há uma pressão importante sobre Israel, principalmente no sentido de que acolha essas demandas da comunidade internacional para que haja mais cautela humanitária, para que alvos civis sejam poupados, organizações humanitárias sejam poupadas, o Brasil é um ator cauteloso na diplomacia, ele geralmente espera o consenso se consolidar, então agora parece que há um consenso. Classificar os ataques como terroristas não é nenhuma grande ruptura. O Brasil se move de forma cuidadosa na cena internacional e incorpora o consenso.

Fontes:Folhapress

Kajuru busca alianças para PEC que proíbe militares da ativa em ministérios

 A ideia é incluir, no projeto, a restrição de participação no alto escalão do governo.

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) começou a articular apoios para proibir militares da ativa de ocuparem cargos em ministérios. Ele é relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para tornar obrigatória a transferência dos membros das Forças Armadas à reserva se quiserem disputar eleições. A ideia é incluir, no projeto, a restrição de participação no alto escalão do governo,o ponto estava previsto na versão original da proposta, mas já havia sido descartado pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), autor da PEC, que chegou a classificar a medida como 'descriminatória'.

O governo decidiu desmembrar a discussão com o argumento de que as regras para participação no processo eleitoral atingem prerrogativas dos militares enquanto a restrição a indicações aos ministérios envolve uma atribuição do presidente.Kajuru vai conversar com o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, antes de finalizar o relatório. A ideia é votar o texto, no máximo, até a segunda semana de novembro. "Vai ser um debate polêmico, mas estou tendo apoio da maioria", afirma o senador.

De saída, Kajuru vai focar na restrição para o cargo de ministro, mas avalia a extensão da regra para outras funções nos ministérios, como a de secretário-executivo, por exemplo,o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que promoveu uma ampla militarização do governo enquanto esteve no cargo, escalou os generais Eduardo Pazuello e Luiz Eduardo Ramos como ministros da Saúde e da Secretaria de Governo, respectivamente, quando eles ainda estavam na ativa do Exército, a PEC foi apresentada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a justificativa de ‘garantir a neutralidade das Forças Armadas’. Hoje, os militares só precisam se afastar das atividades se forem eleitos e não no ato de registro da candidatura.

Fontes:Estadão Conteúdo

Apresentador é demitido após críticas a Lula e elogios a Bolsonaro

A demissão foi motivada por declarações do jornalista em uma entrevista ao Podcast 61, em novembro de 2022, nas quais ele criticou a eleição de Lula e elogiou o presidente Jair Bolsonaro.


O jornalista Luiz Carlos Braga foi demitido da TV Brasil e da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) na última segunda-feira (10). De acordo com a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, a demissão foi motivada por declarações do jornalista em uma entrevista ao Podcast 61, em novembro de 2022, nas quais ele criticou a eleição de Lula e elogiou o presidente Jair Bolsonaro,apesar de a entrevista ser antiga, ela passou a circular na semana passada e causou um constrangimento dentro do governo.

 Na gravação, Braga diz que, na visão dele, “não houve ditadura, mas um governo militar”.Em outro trecho, Braga fez elogios a Bolsonaro: “Ele teve muita boa intenção, ele me lembrava muito a forma de governar do (Fernando) Collor. Veja o video aqui .

O Collor quando disse que não precisava do Congresso, o Congresso foi e tirou ele (sic). Cometeu alguns erros, mas cometeu erros como todo mundo que passou na Presidência da República cometeu”.As declarações de Braga causaram desconforto dentro do governo e pressão do PT, partido de Lula. O partido considerou as declarações do jornalista ofensivas e contrárias aos seus valores.Braga se manifestou sobre a demissão em suas redes sociais, dizendo que respeita a decisão da EBC e que não vai se pronunciar sobre o assunto.

Em nota, a estatal relativizou o peso da declaração e a negação da ditadura militar. "O jornalista Luiz Carlos Braga foi contratado para o telejornal Repórter Brasil por critérios estritamente profissionais. Não cabe à EBC concordar ou não com o que ele afirmou antes de vir para a empresa e na condição de jornalista."

A ditadura militar foi um período em que as Forças Armadas estiveram à frente do poder no país e que começou com um golpe, instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 1984 neste período, cinco generais se revezaram no poder e o país viveu uma era sangrenta, com a perseguição, prisão, sequestro, tortura e assassinato de milhares de opositores do regime. Na época, a imprensa e artistas eram censurados para que as violações não chegassem à opinião pública.

Braga trabalhou na EBC durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre os anos de 2020 e 2022. Em julho deste ano foi recontratado pela estatal para o cargo de editor-chefe e, em 7 agosto passou a apresentar o programa Repórter Brasil, na TV Brasil, que é transmitido diariamente, às 19h.Em outro trecho da entrevista, Braga elogiou o ex-presidente Bolsonaro. “Ele teve muita boa intenção, ele me lembrava muito a forma de governar do Collor. O Collor quando disse que não precisava do Congresso, o Congresso foi e tirou ele”, afirmou o jornalista, que ponderou. “Cometeu alguns erros, mas cometeu erros como todo mundo que passou na Presidência da República cometeu.”

Ainda sobre Bolsonaro, Braga criticou a postura da imprensa brasileira. “Foi uma coisa muito partidária da minha profissão, dos meus colegas jornalistas. Todo mundo decidiu que não gostava do cara e vamos acabar com o cara.”Perguntado o que pensava sobre a eleição do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que “é um cara que curto pela história”, mas criticou a ascensão do mandatário brasileiro ao poder.“Me assusta o fato de você ter uma pessoa condenada em várias instâncias ter virado presidente, porque foram anuladas todas as condenações. Aí você pensa, todos esses juízes estavam errados?”, questionou.

Braga está contratado pela EBC via sua empresa, a Luiz Carlos Braga Comunicações Ltda, por onde recebe mensalmente R$ 28.500, o contrato abrange também o valor pago à jornalista Maria Paula Sato. Em sua primeira passagem, encerrada em março de 2022, recebia R$ 18.000.

Fontes:Rodrigo Durão Coelho


EUA inflamam crise em Israel com porta-aviões, diz Putin

Russo apoia palestinos e solução dos dois Estados, mas tem relação próxima com premiê.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta (11) que os Estados Unidos estão "inflamando" a crise no Oriente Médio ao enviar um grupo de porta-aviões para a costa de Israel, em apoio a Tel Aviv na guerra declarada após o mega-ataque terrorista do Hamas no sábado (7)."Eu não entendo o ponto [dos EUA]. Eles vão bombardear o Líbano ou o quê?", afirmou Putin em um evento sobre energia em Moscou,ele se refere ao deslocamento para a região de um grupo liderado pelo mais moderno porta-aviões de propulsão nuclear americano, o USS Gerald Ford, o maior navio de guerra do mundo hoje. Ele chegou a Israel na terça (10).

A medida do governo de Joe Biden visou passar um recado para os vizinhos regionais de Israel que apoiam o Hamas e outros grupos que defendem o fim de Israel, como a Jihad Islâmica, notadamente o Irã -que os financiou ao longo dos anos."Ou será que eles [os americanos] só decidiram tentar amedrontar alguém? Há pessoas lá que não têm mais medo de nada. Este não é o caminho para solucionar o problema. É preciso olhar para soluções de compromisso. Claro, estas ações estão inflamando a situação", disse.

Desde que Tel Aviv declarou guerra ao Hamas, há trocas diárias de fogo entre suas posições de artilharia no norte do país e as forças do Hizbullah, milícia xiita que é o principal ator militar do Líbano, tendo travado diversas guerras pontuais com Israel, por ora, essa troca visa delimitar territórios, mas há sempre o risco de uma escalada regional. O Hizbullah tem muito mais capacidade militar do que o Hamas, e seu estoque de foguetes é estimado por especialistas entre 100 mil e 150 mil unidades, o que dá margem para ataques devastadores, em especial se combinado com as barragens que seguem vindo de Gaza apesar do bombardeio israelense.

Além disso, há a questão iraniana. O país tem uma força militar considerável, mas não as cerca de 90 ogivas nucleares à disposição de Israel segundo a referencial Federação dos Cientista Americanos. Com efeito, ante as acusações que se multiplicam na mídia que Teerã organizou o ataque de sábado, até o líder supremo Ali Khamenei foi a público para negar a hipótese.

É fato que o Irã apoia abertamente o Hamas e é contra a aproximação de Israel com o mundo árabe sunita, o ramo majoritário do Islã -o xiismo minoritário é centrado em Teerã. Mas a equação é mais complexa, ao longo dos últimos anos, os governos de Binyamin Netanyahu apostaram no namoro com os árabes, que seria consolidado com um acordo com os líderes do grupo, os sauditas, como forma de driblar a questão palestina de fato, na etapa inicial da normalização, em 2020 com Emirados Árabes Unidos à frente, os palestinos foram rifados na prática. 

Ao mesmo tempo, Netanyahu apostou em enfraquecer a liderança reconhecida pela ONU da Palestina, sediada em Ramallah (Cisjordânia), o que fortaleceu seus rivais do Hamas em Gaza, o resultado foi o acúmulo de uma quantidade enorme de mísseis pelos terroristas e o tempo para orquestrar uma ação militar única em 50 anos contra Israel, que só viu tamanho apagão de preparo quando se viu invadido por duas frentes na Guerra do Yom Kippur -na qual quase recorreu à bomba atômica, segundo a historiografia não admitida por Tel Aviv, para evitar a derrota que acabou não vindo.

Analistas mais sóbrios apontam o fato de que o Hamas toma suas próprias decisões, inclusive as de cunho suicida: pode ter criado o horror do sábado apenas para melar o jogo regional e tentar forçar uma solução negociada que, ante as cenas e relatos que se sucedem de brutalidade contra civis israelenses, é basicamente improvável.

Na linha oposta, o sacrifício de sua população civil em Gaza pelo poderio militar esmagador de Israel seria uma ficha de barganha, por elevar o risco de uma conflagração regional.Aí, a posição ora confortável de crítico de Putin se complica, pois ele é uma aliado do Irã e da Síria, país em guerra civil onde mantém bases militares. E, com todo seu foco na Guerra da Ucrânia, tudo o que o russo não precisa é de um conflito em que tenha algo a dizer -seu desengajamento no Cáucaso, onde os armênios de Nagorno-Karabakh foram expulsos após três décadas de apoio russo pelos azeris, já sinalizou isso.

Por outro lado, Putin tem boa relação com Netanyahu, apesar de desgastes, e coordena ações com o israelense e os turcos na Síria. Pesa nisso também a população de judeus russos que emigraram depois do fim da União Soviética em 1991, hoje 15% dos 9,8 milhões de israelenses evidentemente, as trocas de artilharia e mísseis na fronteira israelo-libanesa sempre podem sair de controle. O tamanho da reação de Israel, o que parece ser a aposta do Hamas, é o fator que deverá determinar se o risco de escalada pode se tornar uma profecia autorrealizável ou se ficará no campo da especulação.

Fontes:Folhapress

ELEITO POR UM SISTEMA, DESPREZADO POR UMA NAÇÃO LULA : Brasil é eleito e volta ao Conselho de Direitos Humanos da ONU

O Brasil voltou também ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, nesta terça-feira (10), eleito ao lado de mais 14 países.

Atualmente presidente do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil voltou também ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, nesta terça-feira (10), eleito ao lado de mais 14 países, alguns deles criticados por enviados especiais da própria organização por violações dos direitos humanos -casos de China e Burundi, o Conselho de Direitos Humanos permite uma única reeleição, após a qual o país que deseja voltar ao órgão precisa esperar um ano para se candidatar novamente ao triênio seguinte. 

O Brasil foi eleito nesta terça para o sexto mandato, após dois termos consecutivos que terminaram em 2022,o documento de candidatura do país neste ano, que traz garantias e compromissos voluntários relacionados aos direitos humanos, retoma o discurso em favor dos direitos LGBTQIA+, ausente no texto da última eleição brasileira, em 2019, para o triênio 2020-2022. Na ocasião, o país era governado por Jair Bolsonaro (PL).

No apagar das luzes do governo de Bolsonaro, em novembro de 2022, o Brasil foi cobrado por falhas da gestão federal principalmente com os povos indígenas, citados por mais de 25 países na ocasião. Diversas intervenções na sessão também recomendaram mais atenção para combater ataques a jornalistas e ativistas de direitos humanos e do meio ambiente.

A reprimenda ocorreu alguns meses após os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, no Vale do Javari (AM), caso de repercussão nacional que resultou em críticas às autoridades durante as investigações e foi lembrada nominalmente na fala do representante do Reino Unido na ocasião da sessão,a candidatura atual também ressalta o compromisso do país com a democracia e reforça a "luta por memória, verdade e justiça, relacionada não apenas a violações ocorridas durante o regime militar, mas também à triste história da escravidão e suas consequências".

O regime militar e o reconhecimento dos resultados do passado escravista não estavam presentes nos documentos de candidatura anteriores, tanto sob Bolsonaro como durante os governos Lula e Dilma, a comitiva que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Nova York para a Assembleia-Geral da ONU em setembro contou com a presença do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

A intenção do grupo era mobilizar apoio de países-membros das Nações Unidas para a candidatura brasileira. Segundo interlocutores do ministério, o país busca fortalecer os mecanismos de cooperação no contexto do Conselho de Direitos Humanos, apoiar a participação social nas decisões do órgão e impulsionar discussões no campo do combate ao discurso de ódio e da promoção da igualdade racial, entre outros pontos,das cinco regiões geográficas em que os candidatos são divididos, as duas únicas em que havia mais postulantes do que vagas disponíveis eram a América Latina e Caribe e a Europa Central e Oriental. 

Peru, República Dominicana e Cuba concorreram com o Brasil –o Peru não foi eleito, no caso da Europa Central e Oriental, as duas vagas abertas foram disputadas por Albânia, Bulgária e Rússia, que se tornou a segunda nação suspensa do órgão, em abril de 2022, após relatos de abusos nos meses que seguiram ao início da Guerra da Ucrânia -a primeira foi a Líbia, em 2011, na ocasião da votação, o Brasil ainda integrava o órgão no mandato anterior e absteve-s e na votação, em meio a posicionamentos que, por um lado, condenaram a invasão promovida pelo presidente russo, Vladimir Putin, e, por outro, evitaram críticas diretas ao Kremlin.

Fontes:Folhapress